Escrevi este texto no meu Facebook, mas como lá as
coisas somem, resolvi postar aqui no meu blog na integra igual escrevi lá, por
isso começo explicando o meu trabalho como monitora, o que neste blog é algo
obvio né? Rss. Leia e se puder comente :)
Como muitos devem saber, dediquei meus últimos 10 anos
de trabalho a Recreação onde trabalhei com crianças de 2 a 12 anos. Me apaixonei tanto
por este trabalho que até meu TCC na faculdade de Sociologia e Política foi
sobre a Sociologia da Infância e como a Competição influência no comportamento
Social da criança... Mas não é sobre isto que vou falar agora.
Neste tempo como Monitora de Jogos me especializei em
trabalhar com as crianças pequeninas, de 2 a 6 anos, idade que muitos Recreadores acham
muito difícil de trabalhar.
Observando estas crianças, pude notar algo que
gostaria de compartilhar, por ser uma reflexão que considero válida. Deixo
claro, que falo destes grupos com os quais trabalhei, não posso generalizar que
este comportamento observado sirva a todas as crianças, mesmo porque
personalidades diferentes existem em todos grupos, mas vou falar de algo
recorrente que observei em várias crianças desta idade em grupos bem
diferentes, visto que eu trabalhei sempre com eventos e não em um lugar fixo.
O ponto que quero tratar neste post é sobre o
"Bullying" -e coloco aspas porque na idade a que me refiro abaixo,
entendo que é isto mesmo o que esta palavra significa.
O Bullying é algo com uma capacidade destrutiva muito
grande, porém pude observar uma situação, mais especificamente uma idade da
vida, na qual ele é Construtivo e Socializador.
Explico: Crianças pequeninas, mais exatamente na idade
de 4 anos até 6 (menores de 2 e 3 ainda não brincam de zoar os amiguinhos)
gostam muito de tirar um sarro do amigo, mais que isto, gostam de tirar um
sarro de si mesmas. Os nomes mais usados para "xingar" o amigo
(exemplo: brincadeira que chamamos de Pato-Ganço, a qual você coloca nome nos
amigos até escolher um deles que deve te pegar) são os nomes das necessidades fisiológicas,
ou características físicas engraçadas como pateta, careca e.t.c. Nesta idade as
crianças gostam de se divertir sem medo, sem ressentimentos, sem competir, elas
se divertem de verdade.
Quando el@s estão brincando e tem a oportunidade de
colocar um apelido no amigo, colocam sem dó e ambos caem na risada e o grupo
todo também ri junto! Vira uma festa divertida se "ridicularizar" e o
próximo amigo fica ansioso esperando pela escolha do amigo, esperando para ver
qual será seu apelido engraçado. Isto acontece com meninos e meninas. E quando
existe a possibilidade de ir ao centro da roda e pagar um "mico" esta
criança de 4 (principalmente) a 6 anos vai lá feliz, paga o mico que for e
ainda faz graça Todo mundo cai na gargalhada e tem até quem copie. Rss.
Se quiserem, por conta da classe que estudam, ficar só
entre meninos, ficam, ou só entre meninas também, mas nesta idade el@s não tem
a rivalidade sexista e se juntam sem problemas, podem até ficar pelados juntos
sem maldade nem vergonha. Todo mundo é gente, não é gênero.
Percebi que depois dos 7 e 8 anos isso começa a mudar,
el@s já não querem mais pagar mico (com exceções, claro) e começam a ter
panelas e cochichos mais frequentes, as risadas deixam de ser coletivas e
começam a ser maldosas e depois dos 10 isto piora...
Pergunto: O que acontece que depois dos 7 anos esta
relação do se divertir com a caracterização "ridícula" de si próprio
e do outro para que isto se torne um problema? O que mudou para que o riso
espontâneo e compactuado passe a ferir os sentimentos e a brincadeira se torne
uma agressão?
...
Talvez tenha a ver com o aprendizado social, no qual a
criança percebe que não pode mais falar palavras feias e nem se expor ao
"ridículo" ou rir de si mesma. Talvez ela já comece a se julgar, a
julgar o outro e perceba que também esta sendo julgada e então deixa de expor a
verdade de seu Ser Natural Brincante e comece a jogar o jogo da vida como a
banda toca.
Seja como for aprendi muito com estes pequeninos de 4 a 6 aninhos, e faz tempo
penso nesta minha reflexão sobre o Bullying real e o "Bullying" que
aprendi com el@s. Isto me ajuda a levar qualquer agressividade crítica com
relação a quem sou e me ajuda e mudar como lido com os meus "micos",
que sendo (no passado) Atriz fazem parte do "espetáculo" que chamo
vida.
Lembrar dos meus pequeninos com seus olhinhos
brilhando rindo da cara do amigo (e da cara dele próprio) e do amigo rindo
junto de si e do outro, me ajuda muito a relevar e Ressignificar tudo aquilo
que poderia magoar e até matar de desgosto ou de fato, como vemos muitos casos
reais nos quais o Bullying, palavra desta era mas que já existe a muito tempo,
é protagonista. E compartilho esta reflexão, na esperança de ajudar outras
pessoas a ressignificar seus "defeitos" dignos da risada alheia.
Quando observo as crianças sinto que ainda há
esperança para a Humanidade. Seja como for, sentirei (e sinto) falta destes
pequeninos e suas lições. Já encerrei esta carreira de Recreadora na vida e agradeço
pelas brincadeiras e lembranças que fazem parte dos melhores momentos que já
vivi e que tenho o privilégio de guardar no coração.
Crianças pequeninas são a melhor versão do Ser Humano,
a única que deu certo. Pena que quando crescem se tornam adultos, sérios,
competitivos e permitem que dinheiro mande mais em sua vida que seu coração. Ou
seja, pena que quando a criança cresce estraga.
(Com exceções graças a Deus!)
E se tem uma coisa que aprendi é que:
QUEM NÃO GOSTA E RESPEITA AS CRIANÇAS, BOM SUJEITO NÃO
É!
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